Em meio à poeira típica do clima desértico do Oriente Médio, em contraste com o amarelo das montanhas que cercam a região de Ein Gedi, encontra-se um oásis de cor azul clara, contornado por uma borda branca. Visto do alto ou contemplado às suas margens, o Mar Morto dificilmente não causa um impacto à primeira vista.
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Alberto Peral/Israel Tourism/Divulgação
A salinidade do Mar Morto é de 33% – dez vezes maior que a dos oceanos
Mas não se intimide pelo nome. Localizado na fronteira entre Israel e Jordânia, a cerca de 400 metros abaixo do nível da superfície, o Mar Morto é assim chamado porque a imensa quantidade de sal presente em suas águas inviabiliza qualquer tipo de vida no local – sua salinidade é de 33% (dez vezes maior que a dos oceanos). E é do sal que vem a coloração branca de sua borda, que é formada por bolinhas de sal cristalizado.
No Mar Morto estão presentes 21 minerais, que fazem com que suas águas sejam consideradas terapêuticas, pois são ricas em potássio, magnésio, bromo, entre outros. Além dos sais, há uma grande quantidade de lama negra do fundo do mar que também é utilizada em tratamentos dermatológicos e estéticos graças às suas propriedades medicinais. Tudo isso faz com que mais turistas procurem o local a fim de experimentar esses benefícios.
Mas não é preciso estar com problemas dermatológicos ou interessado em uma limpeza de pele para usufruir de uma visita no Mar Morto. Por conta da alta concentração de sais, sua água é densa e permite que qualquer um boie naturalmente. Além da sensação de bem-estar, boiar ali pode ser também divertido pelo inusitado – só isso já vale o passeio. Só fique atento a um detalhe: não mergulhe. A ardência causada pelo contato da água extremamente salgada com os olhos é insuportável.
Na região do Mar Morto, há diversas opções de hospedagem, que incluem desde albergues e pensões mais em conta até hotéis cinco estrelas com spas luxuosos. Nos arredores, há outras atrações também para quem não quer procura algo mais aventureiro do que ficar boiando. Há excursões de jipe e bicicleta, passeios em camelos, rapel, além de atividades culturais e experiências curiosas, como visitar em Israel a Reserva Natural Ein Gedi (um antigo Kibbutz próximo ao local) e as ruínas da fortaleza de Massada (onde havia o palácio do rei Herodes). Do lado da Jordânia, há outros passeios relativamente próximos também, como o Monte Nebo (de onde Moisés teria avistado a terra prometida) e o rio Jordão.
Tesouro nas cavernas
Há ainda um episódio importante da História envolvendo o local. Em 1947, foram encontrados manuscritos bíblicos dentro de jarras, mantidos em cavernas em Qumran, próximo do Mar Morto. Supõe-se que os documentos foram escondidos ali para evitar que os romanos os destruíssem.
Até o momento, foram descobertos 800 pergaminhos no local, sendo que o de Isaías é o maior e o mais bem preservado, além de ser o mais completo. Os manuscritos estão no Museu de Israel, em Jerusalém, num espaço criado especialmente para abrigar o material, o Museu do Livro, que foi construído na forma da tampa de uma jarra – semelhante àquelas em que os pergaminhos foram encontrados.
A boa notícia é que, além dos visitantes do museu, em breve qualquer pessoa com acesso à internet poderá ver os escritos bíblicos do Mar Morto. O Google, em parceria com o museu, está digitalizando, traduzindo e reconstruindo o material até que as imagens ganhem o aspecto original.
A redução em 98% do volume do rio Jordão e a exploração industrial desenfreada para extrair minerais do Mar Morto ameaçam a existência desse patrimônio natural. Segundo especialistas, suas águas estão diminuindo um metro por ano, o que poderia causar o desaparecimento do mar em 40 anos. Algumas soluções estão sendo estudadas a fim de salvar o mar de sua extinção, como a criação de canais entre ele e outros rios e mares, mas por enquanto nada foi determinado.
Talvez antes de ser extinto, o Mar Morto ganhe mais um título. Sua beleza e peculiaridades o levaram a concorrer a eleição das sete novas maravilhas naturais do mundo, organizada pela New 7 Wonders (www.new7wonders.com). Entre as campanhas e mobilizações feitas para que a atração seja uma das escolhidas, uma delas se destaca: o ensaio do fotógrafo americano Spencer Tunick, que registrou mais de mil israelenses nus em uma praia privada da costa israelense do Mar Morto. O resultado da votação sai no dia 11 de novembro.
Fonte
DÉBORA COSTA E SILVA
Enviada especial a Israel
(A jornalista viajou a convite do Ministério do Turismo de Israel)